Òṣùn

Na estampa de Òṣùn, os arabescos representam o elemento água, enquanto a mão na barriga evoca sua fertilidade. Todos os adornos e sua postura remetem à sua elegância, nobreza, beleza, riqueza e destaque. O espelho, por sua vez, simboliza progresso e amabilidade — características que incluem tolerância, respeito e a capacidade de aceitar as pessoas como elas são. Amar não significa projetar expectativas sobre o outro, mas sim enxergá-lo em sua totalidade, com suas qualidades e imperfeições. Amar não é como escolher pratos em um restaurante self-service. Na estampa, Òṣùn aparece careca e descalça, simbolizando sua conexão com o sagrado.

A Òrìṣà Òṣùn demonstra que é possível ser gentil sem ser fraca, e poderosa sem ser opressiva. Òṣùn é um arquétipo de dualidade, incorporando tanto a doçura quanto a severidade, a abundância e a contenção. Sua ligação com o título de Ìyálóde reforça sua capacidade de organizar, proteger e defender os direitos de seu povo, especialmente de mulheres e crianças, assegurando sua prosperidade. A elegância de Òṣùn transcende a aparência física (algo sempre relativo) e está enraizada na nobreza com que a pessoa se posiciona e se comporta diante dos desafios sociais e políticos da vida. Òṣùn eleva a capacidade pessoal do indivíduo, ajudando-o a se destacar por meio do trabalho, do esforço e daquilo que ele tem a oferecer aos seus grupos e à sociedade. Por isso, Òṣùn é alágbára (aquela que tem o poder de influenciar). A atração proporcionada por Òṣùn ultrapassa o desejo físico; é a atração pelo Orí inú (essência interior). Quando cultivamos uma percepção gentil, amável, solidária e positiva da vida, atraímos o que é bom: progresso, harmonia e bem-estar.

Ore ye ye o. Òṣùn, ije o.